
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Primeiras impressões de Acidente, dirigido por Cao Guimarães e Pablo Lobato

terça-feira, 13 de novembro de 2007
Balanço da Mostra - Carol
Devo confessar que esta mostra foi violenta.
O trajeto do meu balanço vai ser dos que eu menos gostei para os que eu mais gostei.Pra variar, serão impressões bem superficiais que tive dos filmes...
Across the Universe é um musical adolescente pretensioso que usa como chamariz a obra dos Beatles. Cheio de clichês e com uma construção lamentável, ele tenta de forma constrangedora seguir historicamente e esteticamente a carreira dos Beatles e as próprias relações pessoais internas da banda se manifestam nas relações dos personagens.
Invísivel é um daqueles filmes com vários curtas de diferentes diretores (algo que, cada dia que passa, eu abomino mais e mais). Este opta por mostrar grandes problemas do mundo que são invisíveis como a doença de chagas na Colômbia e todos aqueles problemas na África. Um filme, acima de tudo, incômodo pelo sensacionalismo dramático e muito infeliz em suas tentativas dramatúrgicas.
El Outro é um filme super argentino, mas bem mediano, totalmente sustentado pela boa atuação do protagonista. Conseguiu se livrar do estigma “remake de profissão: repórter” que a sinopse que rendeu.
Go go Tales foi algo estranho. Provavelmente porque eu tinha expectativas diferentes em relação a ele. Se eu fosse homem talvez ele valesse só pela quantidade de seios que aparecem por minuto. Não que eu ache isso forçado no filme, muito pelo contrario (ele se passa num bar de strip-tease, porque não teria mulheres nuas?!)
Nem de Eva, nem de Adão, do Civeyrac foi uma surpresa boa, um filme bem sensível, que gera um certo desconforto pela violência de algumas imagens. Traz uma solidão, uma incompreensão ao casal de adolescentes com uma densidade absurda.
Sukiyaki Western Django foi algo fantástico pra mim por desconhecer totalmente os filmes do Miike. Um filme interessante, que cospe referencias “pros cinéfilos se divertirem” e eu acho isso ótimo, pois é usado com bastante inteligência.
Em Gloria ao cineasta! Takeshi Kitano faz uma boa piada a respeito de qualquer possível reflexão sobre sua obra e depois se perde ao tentar se encontrar.
Vocês, os vivos é um filme que não conta nenhuma história, a principio. Mostra uma sociedade que aparentemente perdeu a vontade de viver com um humor negro que lhe cai muito bem e não parece dar nenhuma solução à morbidez dos personagens.
Persépolis é uma boa animação em flash, com soluções estéticas bem interessantes (não caiu no clichê Irã= pérsia = Aladim). O roteiro é bonitinho e didático; a história de uma garota que acompanha todo um movimento político no Irã (a queda do Xá e tudo mais), mas a personagem principal tem uma construção meio duvidosa e ambígua. E o filme é todo falado em francês, o que é muito confuso no começo.
Eu paro por aqui senão o negócio se estende demais. No total vi 18 filmes. Fico devendo algo sobre Paranoid Park, Senhores do Crime, Redacted, Beaufort, Import Export, A Amada, Tabu, Jogo de Cena, O Mundo (revisto) – o que é um deboche porque metade desses que eu “deixei pra depois” foram os que eu mais gostei. (olha a deixa pra eu criar vergonha na cara e escrever no meu blog sobre eles...)
sábado, 10 de novembro de 2007
Balanço sobre a 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Foram 17 filmes em quase uma semana e o único critério que consegui inventar para compará-los foi os diferentes graus de surpresa que senti ao vê-los. A minha seleção foi primeira feita tendo em mente questões "locomo-técnicos" e logo em seguida pelo meu interesse nas sinopses encontradas no site da mostra. Poucos filmes não seguem essa lógica, mas isso não importa. A lista está relacionada no final do post. Agora chega de prefácio.
Começamos com os números: nenhum documentário, um filme feito em conjunto e o restante puro "prazer" ficcional, sendo dois deles, brasileiros e um uma animação. Seguimos com primeiras impressões: o filme "Caos" me irritou profundamente. Na verdade a irritação se deve em parte por minha estupidez ao ler a sinopse do filme. Na verdade parte 2, eu provavelmente li a sinopse porcamente. Em suma, a maioria dos filmes, utilizando de uma avaliação à la Folha de S.Paulo, está entre o razoável e o ótimo. Nesse sentido, decidi escrever um pouco sobre alguns dos filmes que mais me chamaram a atenção, independente de quanto o filme me agradou.
Sem dúvida, começo por Contos de Terramar. Animação de roteiro fraco e trilha sonora que trabalha contra o filme, por ser exaustivamente usada de modo até intrusivo (chamo isso de “efeito Stardust” – explico isso algum dia, se alguém tiver interesse). O que há de surpreendente é de fato a animação em si, a técnica. Assumo que a primeira vista não tinha gostado muito, mas tem algo em alguns planos que me choca levemente. O diretor é Goro Miyazaki, filho de Hayao Miyazaki, responsável pelos filmes A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado. E a relação que faço entre Contos e A Viagem de Chihiro, pois foram os que vi, sublinham a relação de (des)respeito entre homens e animais fantásticos, principalmente dragões. A Viagem ganha fácil no tratamento que dá a essa questão, tanto na forma/estilo da animação pelo contéudo/roteiro criativo. Não resta dúvidas, apesar disso ser lugar-comum.
Já em Estado do Mundo, filme composto por 6 curtas, feitos por 6 diretores diferentes, Apichatpong Weerasethakul novamente me surpreende com seu Pessoas Iluminadas. O Mal dos Trópicos, longa realizado em 2004 por ele, é uma experiência envolvente difícil de se descrever e Pessoas Iluminadas segue o mesmo caminho, por meios diferentes. O cinema de Apicha, pelo menos tendo em conta esses dois filmes, poderia ser definido como uma experiência cinematográfica, num sentido empiristamente abstrato. O espectador, no caso eu, experimenta aquela vivência retratada pelo diretor de modo intenso, porém sabe de sua incapacidade de se envolver totalmente com a história narrada e resta a ele, no caso eu parte 2, apenas experimentar o filme como conseguir, seja se emocionando ou não. Bem, talvez eu tenha exagerado um pouco, mas essa idéia que lancei aleatoriamente parece interessante de se desenvolver algum outro dia.
Nem de Eva, nem de Adão, de Jean Paulo Civeyrac e O mundo de Jia Zhang-ke, por mais estranho que possa soar uma aproximação entre os dois, trazem uma leveza ao narrar histórias que tem certo peso. O primeiro sobre os problemas enfrentados por um jovem "semi-delinquente" e o segundo sobre um relacionamento. Na verdade, ambos tratam de relacionamentos, obviamente de modos diferentes. Enfim, a minha surpresa reside exatamente nessa leveza formal ao abordar conteúdos carregados.
Sukiyaki Western Django, realizado por Takashi Miike surpreende pela modo que estiliza seu filme. O cenário pintado ao fundo nas primeiras cenas comprovam isso. Descaradamente paródico dos filmes de western americano, mas sem abrir mão do mais (im)puro melodrama familiar. Talvez seja isso, não sei ao certo. O filme é bonito e um tanto engraçado, ponto final.
Ben X, A fase final foi um dos senão o que mais me espantou. A sinopse era interessante só por abordar o mundo virtual dos jogos de computador, mas essa abordagem é mínima, e serve mais para ilustrar o cotidiano do garoto autista que tem uma "vida saudável" apenas no mundo do rpg Archlord. Quero chamar a atenção para o modo como a forma e o conteúdo do filme são tratados. Utilizando de uma estrutura falsa de documentário em alguns momentos e de imagens captadas em tempo real do jogo de rpg online Archlord, o filme parece cair em armadilhas fáceis, tentando se sabotar. E um dos grandes méritos é essa auto-sabotação. O diretor Nic Balthazar usou de métodos não convencionais para primeiro tentar compreender ou pelo menos explorar o universo de um autista e em segundo forjar um falso documentário para supostamente dar mais veracidade e força ao que é mostrado. Digamos que a moral do filme seja a auto-superação do garoto autista através de uma força imaginária criada por ele e pela força que um documento visual forjado tem quando se trata do universo autista. Pode soar muito estranho, mas o garoto, ajudado por essa força imaginária, que tem a forma de uma garota, planeja gravar sua morte. Partindo dessa premissa, o filme é rico para se discutir o próprio filme que se preocupa em não ser transparente ao mesmo tempo em que brinca com o espectador desde o começo, quando começa com os créditos inseridos na interface (é isso?) do jogo Archlord.
E chega por hoje. Abaixo a lista dos filmes que assisti:
26/10
Jovem Yakuza - Jean-Pierre Limosin
Contos de Terramar - Goro Miyazaki
O Estado do Mundo - Apichatpong Weerasethakul, Vicente Ferraz, Ayisha Abraham, Wang Bing, Pedro Costa, Chantal Akerman
27/10
Halfaouine - Férid Boughédir
Ben X, A fase final - Nic Balthazar
29/10
Nem de Eva, nem de Adão - Jean Paul Civeyrac
Fantasmas - Jean Paul Civeyrac
Sukiyaki Western Django - Takashi Miike
30/10
Planeta Terror - Roberr Rodriguez
Nome próprio - Murilo Salles
Armadilha - Srdan Golubovic
31/10
Só por Hoje - Roberto Santucci
Sem Arrependimento - Leesong Hee-il
Dever Cívico - Jeff Renfroe
01/11
O mundo - Jia Zhang-ke
Caos - Youssef Chahine, Khaled Youssef
Caótica Ana - Julio Medem
Ps: É provável, mas eu não prometo que, escreverei sobre outros filmes da mostra em outra oportunidade.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
(sem ordem)
O Aviador, de Martin Scorcese
Dançando no Escuro, de Lars von Trier
Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola
Fale com Ela, de Pedro Almodóvar
Munique, de Steven Spielberg
Gangues de Nova York, de Martin Scorcese
Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón
Moulin Rouge, de Baz Luhrmann
Dogville, de Lars von Trier
Volver, de Pedro Almodóvar
Kill-Bill 1, de Quentin Tarantino
Lavoura Arcaica, de Luís Fernando Carvalho
Procurando Nemo, de Andrew Stanton
Prenda-me se For Capaz, de Steven Spielberg
Maria Antonieta, de Sofia Coppola
Colateral, de Michael Mann
Kill-Bill 2, de Quentin Tarantino
A Fantástica Fábrica de Chocolates, de Tim Burton
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, de Peter Jackson
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, de Michael Gondry
(Com a Mostra entram nesta lista À Prova de Morte e Paranoid Park, mas ainda não decidi quem sai da lista).
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Os 20 melhores dos anos 2000 - Carol
Café e Cigarros (2003), Jim Jarmusch
Elefante (2003), Gus Van Sant
Dançando no Escuro (2000), Lars Von Trier
Encontros e Desencontros (2003), Sofia Coppola
Reis e Rainhas (2004), Arnaud Deplechain
Amor à Flor da Pele (2000), Wong Kar-Wai
Monstros SA (2001), Pete Docter
Taxidermia (2006), György Pálfi
Alta Fidelidade (2000), Stephen Frears
Os Excêntricos Tenembaums (2001), Wes Anderson
Cidade dos Sonhos (2001), David Lynch
Napoleão Dinamite (2004), Jared Hess
Anti-Herói Americano (2003), Shari Springer Berman e Robert Pulcini
Pequena Miss Sunshine (2006), Jonathan Dayton e Valerie Faris
Fale com Ela (2002), Pedro Almodóvar
Terra dos Mortos (2005) , George Romero
The Brown Bunny (2004), Vincent Gallo
O Signo do Caos (2004), Rogério Sganzerla
O Pianista (2002), Roman Polanski
A Criança (2006), Jean Pierre & Luc Dardene
terça-feira, 14 de agosto de 2007
A ação demoníaca
Dada a impiedosa injeção de testosterona deste blog, me senti impelida a escrever algo o mais mulherzinha possível, sobre um filme francês ou uma comédia romântica. Mas não. Na última semana eu me dei ao trabalho de ligar a televisão com o firme objetivo d’ela fazer-me dormir e, nas três seguidas vezes, no mesmo aclamado canal cult, deparei-me com o famigerado “Bebê de Rosemary”, filme que há tempos estava em meu imaginário como “filme de terror” e que eu constantemente confundia com “A mão que balança o berço”, por algum motivo bizarro.
Ainda assim, as duas primeiras tentativas de assisti-lo foram fracassadas, levando em conta que o objetivo inicial de forma alguma era assistir à um filme cuja storyline é “A jovem Rosemary provavelmente carrega o anticristo no ventre.”
Ainda assim, a presença marcante do ídolo, lindo e carismático, John Cassavetes me fazia lutar para não dormir, embora o sono acabasse ganhando. Na terceira tentativa eu tomei vergonha na cara e assisti a toda a saga da família Woodhouse e seus vizinhos caquéticos.
Rosemary e Guy são recém casados, que se mudaram para um prédio em NY onde, no passado, várias histórias de morte e canibalismo ocorreram. Logo fazem amizade com o casal de velhinhos do apartamento da frente, que torram o saco dos coitados.
O espectador sabe que tem algo de errado com aqueles velhos, eles realmente são assustadores. Mas o fato é que eles são meio que lideres de uma seita diabólica e Guy (ou Cassavetes in the dark side of the force, como eu prefiro chamar), um ambicioso aspirante a ator, vende o primogênito ainda nem concebido em troca de sucesso.
Enfim... todo esse falatório pra chamar atenção a um filme muito bem sucedido e não muito dogmático na ferida que toca, o Allmight , mas ainda sim categórico em sua afirmação, uma vez que Rosemary parece ceder ao "mal", no final, pelo filho. Se hoje eu ligar a tevê e estiver passando eu assisto novamente, com gosto e menos medo.
E viva a aleatoriedade.