domingo, 23 de março de 2008

Filmes das férias - Parte 3

E assim se encerra os filmes das férias.

Casa de areia e névoa - 2,5/5 - Algo da dramaturgia chama a atenção na medida em que a metáfora do pássaro ferido parece completamente deslocada/forçada com a montagem "fade to black", apesar da narrativa americana desiludida x família do Irã de contornos trágicos representado por uma casa ser interessante.

Cloverfield - 4/5 - Bela experiencia cinematográfica que não deve ser repetida mais de uma vez, já que o filme transpira efemeridade. Os personagens não sabem o que está acontecendo e o espectador também não. Não há explicações ou motivos explícitos para o ataque do monstro, nessa "nova forma" de filmar que nasce de um conteúdo clichê. O que de fato importa são as atuações e a "experiência do real" numa situação absurda captadas por um personagem câmera no decorrer de um dia, talvez menos. Um romance justifica uma busca e a morte significa a revalorização do termo "documento". Tudo em prol da reciclagem do suspense e terror. Bem, funciona.

Os Boas-Vidas - 2,5/5
Conduta de Risco - 4/5
Os Bons Companheiros - 4/5
Estorvo - 3,5/5
Jogo Subterrâneo - 2,5/5
O gângster - 3,5/5
Ligeiramente grávidos - 3/5
Extermínio 2 - 3/5
O selvagem da motocicleta - 3/5
Gênio indomável - 3,5/5
Hooligans - 2,5/5
Café da manhã em Plutão - 3,5/5
De olhos bem fechados - 4/5
Onde os fracos não tem vez - 4/5
Sangue Negro - 3/5

sexta-feira, 14 de março de 2008

Filmes das férias - Parte 2

Continuando com a lista e gostaria de lembrar que as "mini-críticas" foram escritas no "calor da hora" e podem conter erros de concordância e etc. Eu não vou consertar porque sou Rebelde.

Volver - 3,5/5
A Bússola de Ouro - 3,5/5
Hitman - 3,5
Scoop - 3,5/5
O segredo de Berlim - 3/5
Invasão de domicílio - 4/5
Aliens vs Predador 2 - 2/5
O invisível - 0/5
Piratas do Caribe 3 - 3/5
O homem duplo - 4/5
A concepção - 3,5/5
Meu nome não é Jonhy - 3/5
Juno - 4/5
Eu sou a lenda - 3,5/5
O caçador de pipas - 1/5
Elefante - 4/5 - A proposta do filme de Gus Van Sant parece simples: (des)focar um acontecimento/acidente decorrido em uma escola num curto espaço de tempo envolvendo ou apenas situando um número reduzido de personagens. Há uma imposição sutil do olhar da câmera, que frequentemente persegue tais personagens. Assim o espectador se vê num clima de passividade limite em que parece ser preciso ir além do olhar, é quase preciso agir (talvez isso possa ser chamado de "agonia"). Isso gera um nível de cumplicidade tenso entre personagem perseguido, câmera e espectador. A natureza com que são filmados cotidiano e "tragédia escolar" escondem essa cumplicidade sutil na narrativa não-contínua, no ponto de vista dos personagens envolvidos, e fico tentado a chamar os personagens de pessoas, devido essa "natureza de representação" dos atores.

domingo, 9 de março de 2008

Filmes das férias - Parte 1

Devido a minha imensa cara de pau, postarei agora, depois de meses ausente (e isso inclue todos os supostos participantes desse blog), uma parte da minha lista de filmes das férias. E acreditem, eu escrevi alguma coisa sobre alguns deles. E não, não vou colocar o nome dos diretores na frente. Ponto final.

Ripley no Limite - 3/5
Baseado ou extremamente pouco baseado no segundo livro da série Ripliad aka "A série que narra as peripécias classudas e sanguinárias de Tom Ripley", Ripley Underground/Ripley Subterrâneo, escrita por Patricia Highsmith (conhecida pelos seus romances policiais e por supostamente ser lésbica), o filme apresenta uma dinâmica modernosa de assassinatos, fraudes e romance. Estranhamente, a realização traz consigo algo do clima/tom dos romances da série: uma tensão constante, uma instabilidade flutuante que parece perseguir Ripley. Um Barry Pepper bizarramente magrelo interpreta um Tom Ripley ciente de sua a(i)moralidade e preocupado apenas em não ser pego (e conquistar seu amor) sem transparecer hesitação. Já a partir daqui, fica claro que filme e livro tomam caminhos distintos. Na série, Tom Ripley possui uma natureza ambígua e insegura, apesar de calcular as medidas e consequências de seus passos. E quando eles não aconteçam como foi premeditado, ele improvisa elegantemente. Além disso, sua namorada, que logo no fim do filme se torna esposa (ó, estraguei a surpesa?!), jamais foi cúmplice, nos romances, dos atos de Ripley. Já no filme, tem-se de fato uma aliança criminosa entre marido e mulher, metaforicamente (ou nem tanto) representada pelas alianças que trocam no casamento. De fato, cada uma fora roubada de corpos/cadáveres distintos.Em suma, Ripley no Limite foge do rótulo da "adaptação como tentativa de cópia da origem", acrescentando elementos novos e dando um tom contemporâneo "jovem" (fácil de identificar pelo modo como as cenas no museu, ou algo do gênero, são representadas) e rápido a trama. E há a interessante atenção dada aos símbolos/icônes representados pela planta que Ripley cultiva e as alianças, como também os mínimos detalhes que ligam ele aos crimes e a coerência do roteiro em relação a Heloise (namorada/esposa de Ripley) por torná-la cúmplice dele.O filme emprega elementos do livro e os retrabalha: a maioria dos personagens e o tom utilizado evidentemente são inseridos em outro contexto que talvez devam ferir o romance de Patricia Highsmith. Porém, se considerá-lo como obra completa e passível de interpretações, o filme sai ileso e minha pequena análise também.

A pele - 3/5
Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado - 2,5/5
Julietta dos Espirítos - 2/5
Donnie Darko - 3/5
Bee Movie - 3,5/5
O Corte - 2,5/5
Geração Prozac - 3,5/5
A Conquista da Liberdade - 2/5
Cold Moutain - 2,5/5
E aí, meu irmão, cade você? - 3/5
O amor nos tempos do Cólera - 2/5
Paris, Texas - 3/5
O Hospedeiro - 3,5/5
Demencia 13 - 3/5
Alpha Dog - 3,5/5

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

3 cenas de "Dans Paris"

1ª cena - Temos o [jovem] bon vivant e o [outro] depressivo. Irmãos. O jovem sai às ruas de Paris, encontra amores. O outro fica em casa e só sai para tentar se suicidar.

2ª cena - Louis Garrel nu (quanto lirirsmo!)

3ª cena - Os dois irmãos estão na cama, o mais jovem está molhado, o outro o ajuda a se secar. É o primeiro momento em que eles realmente dão atenção um ao outro. Um dia antes o mais também havia se jogado da ponte, logo a empatia estava lá, mas a motivação era diferente. Finalmente eles conversam o que evitaram o filme todo. As vezes um abre a boca e fala, as vezes eles só se olham. Mas nós, espectadores, sabemos de toda a conversa.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Thiago - Filmes da Mostra parte 1 de 7 (ou 6)

Grande atraso, já é old news, mas aqui está.

Esse grande nerd que eu sou (nerd de verdade, que entende de programação mesmo que isso seja totalmente precindível na sua vida, não esses mané que só por que gostam do Homem-Aranha acham que são nerd) exige que eu sistematize as coisas. Então, primeiro apresentarei o meu método para em seguida expor as minhas impressões sobre os filmes devidamente comentados.

Vou fazer algo mais cronológico que os meus colegas. Na minha incapacidade de classificar os filmes préviamente, vou me utilizar da abordagem mais simples para comentar os filmes vistos na 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Deixo questões mais gerais, que permearam os filmes que eu vi para o final, quando eu tiver escrito sobre cada filme individualmente e possa analisar friamente o todo.

Vamos lá. Vai começar.

Dia 1 - 26/10

Chegando em São Paulo por volta das 10:30, enquanto eu faço check in no hotel, algumas pessoas correm para garantir os ingressos para Deathproof e/ou Planet Terror. Eu, com dor nas entranhas, preferi rejeitar esses filmes em favor de filmes supostamente menos acessíveis (o que faz sentido, já que vi Planet Terror a algumas semanss - só não sei quando o Tarantino estreiará).

Já estabelecido no hotel, de banho tomado e após alguns minutos denegrindo o ônibus desconfortável que nos levou até a capital financeira do país, disparo para comprar os ingressos para os filmes que eu escolhi previamente de forma (não tão) aleatória.

Filme 1 - Import Export (2007), de Ulrich Seidl

Vou para a minha sessão esperando um típico filme sobre o leste europeu. Não que eu seja um grande conhecedor da cinematografia da parte oriental da Europa, mas o bom senso me diz "pessimismo sobre a neve". Colocado assim, o filme corresponde ao que eu esperava. Duas histórias paralelas que, felizmente, não se cruzam, sobre dois jovens (uma enfermeira e um segurança) em busca de uma vida melhor, um indo para o leste, outra para o oeste.

O filme acaba se rendendo a cenas fortes, crueis ou enojantes. Mas há algo de triste, proveniente de uma harmonia entre os elementos do filme (movimento/estatica, enquadramento/extra-campo) que leva ao desespero. É pela vias do despudor e da vontade de mostrar uma miséria da alma que o filme busca conquistar o espectador. Não considero isso muito valoroso, mas preciso admitir que existe algum mérito no esmero com que o diretor conduz isso.

Filme 2 - Vocês, Os Vivos (2007), de Roy Andersson

É complicado para mim falar sobre esse filme. A sessão atrasou cerca de meia hora e tive que sair na metade do filme para não perder Sukiyaki Western Django. Então qualquer impressão é muito contestável. Relato, então, uma experiencia abortada.

Mais um filme com alguma dose de pessimismo, mas dessa vez não posso me refugiar na fácil e superficial classificação de "filme do leste europeu". Composto por sketches bem humoradas, interligadas diegeticamente, não cria uma narrativa clássica, mas propõe uma idéia de esvaziamento das relações humanas, utilizando o contraste entre a frieza e o excesso de emoções como obstáculo para a sua concretização.

A comédia pode parecer fraca e repetitiva as vezes (como num Monty Python de segunda), mas há momentos de grande inspiração. Destaco a tensão dramática criada no sonho de um personagem, onde este irá realizar o "truque da toalha", se preparando para puxar a toalha de uma mesa enorme. O desenvolvimento e a conclusão dessa sketch foi um dos melhores momentos dessa mostra.

Filme 3 - Sukyiaki Western Django (2007), de Takashi Miike

Último filme do dia, mais uma comédia, escolhida pela vontade de conhecer algo de Miike e de ver um western japonês. É díficil encarar friamente um filme que eu me diverti absurdamente, por isso vou ser breve. Numa grande amálgama de western com filme de artes marciais, o exagero parece tomar conta de tudo. Toda a plasticidade e artificialismo da empreitada é explicitada cômicamente. Talvez um apego maior a uma história que, sinceramente, não interessa, faça o filme perder aalguns pontos. Mas não rejeito o excesso de referências no filme, acho que coube perfeitamente.
Não consigo achar palavras mais exatas para falar sobre esse filme. Não que tenha sido uma sessão de orgasmos ininterruptos, mas na mediocridade que existe entre o bom e o arrebatador, a dificuldade surge.

Bom, esse foi o primeiro dia. Voltei para o hotel e dissolvi numa cama confortável.

domingo, 25 de novembro de 2007

Análise de O homem que não estava lá

Realizado por Joel e Ethan Coen O homem que não estava lá narra a história de Ed Crane, um barbeiro que leva uma vida comum em Santa Rosa, no estado da Califórnia no final dos anos 40. Após descobrir que sua mulher Doris (Frances McDormand) mantém um caso com Dave, o chefe dela, Ed vê a possibilidade de mudar seu modo de vida depois de conhecer Creighton na barbearia em que trabalha.
O personagem central, interpretado por Billy Bob Thornton, preocupado em arranjar dinheiro para fechar a parceria de um novo negócio de lavagem a seco com Creighton, utiliza de seu conhecimento sobre o caso de sua mulher para chantagear Dave e conseguir a quantia que precisa para realizar o negócio. Após conseguir o dinheiro, Dave descobre que foi Ed quem o chantageou e tenta matá-lo. Ao tentar se defender da investida daquele, este o mata com uma faca.
A partir daí, estes quatro personagens, que considero como os principais, envolvem-se em uma trama composta por tragédias. E utilizando-se dos temas reunidos por A. C. Gomes de Mattos (retirados do livro O outro lado da noite: Filme noir), pontuo as que mais chamam a atenção e se assemelham com o enredo de O homem que não estava lá. Os subtópicos 3 e 4, sendo o primeiro o que afirma que “A mediocridade da existência conduz ao crime ” e o segundo “O protagonista está sempre a mercê dos caprichos do destino.”


Considerando estas duas afirmações, a narração em voz over de Ed que pontua todo o filme, a fotografia e mais alguns aspectos, pode-se afirmar que o filme seria um filme noir contemporâneo, provavelmente pertencente ao novo noir, que além de refletir, de algum modo, o período em que foi realizado, trabalha com elementos do período clássico de modo particular. A fotografia em preto e branco, o jogo de luzes, que muitas vezes relaciona-se diretamente com o estado emocional do personagem central e a voz over em tom reflexivo, frio e distante, que complementa o que é mostrado, além do crime são pontos chave para sustentar essa aproximação com o período clássico.
Contudo, a trilha sonora impõe mais um ritmo de contemplação do que de tensão, e que auxilia a construir uma das cenas mais interessantes do filme: o antes e o depois da morte de Dave. Depois de colocar Doris na cama, Ed inicia uma narração em voz over sobre como conhecera sua mulher. Ela é interrompida pelo telefonema de Dave e logo retorna após este morrer, concluindo com uma pequena reflexão sobre o relacionamento de Ed e Doris. É provável que para ele, o crime simplesmente aconteceu e isso não alterou nada. O adultério de sua mulher poderia ser usado para um ponto de virada em sua vida.
Por almejar uma perspectiva de futuro diferente da que tem como barbeiro, Ed comete homicídio provavelmente para de defender, após conseguir o que queria. Devido a isso, o protagonista é lançado em eventos que fogem de seu controle e não há quase nada que possa ser feito para evitá-los. Nesse sentido, o enredo é linear e simples, apesar de ser narrado em forma de um grande flashback e ter algumas reviravoltas. Há duas confusões cometidas pelos policiais com relação aos personagens que merecem destaque. Doris é acusada de assassinar Dave, seu amante, e Ed de ter matado Creighton. Tais conclusões equivocadas são frutos de raciocínios óbvios motivados pela relação que estes personagens tiveram aos olhos da polícia, seja pelo adultério e fraude cometido por Doris, seja pela parceria formada por Ed e Creighton e fechada com a assinatura de um documento. O mais curioso é que o processo de investigação não interessa para a história, e sim o fato de punir os responsáveis pelos crimes “errados”.
É interessante a idéia de estabelecer um equilíbrio cinematográfico tanto pela influência noire, já que os quatro personagens vivenciam diferentes tipos de crise e para tentar resolverem isso se matam ou são mortos, quanto por motivos dramaturgicos, para criar um clima de tragédia, vazio e fracasso individual. Seria como se cada morte fosse justificada por outra, e assim um ciclo de quatro pontos forma-se, estabelecendo um novo equilíbrio, no fim da obra.
De fato, o filme poderia ser considerado “realista”, por se ater a elementos facilmente reconhecíveis da realidade da década de 1940. Porém, a menção à OVNI´s (Objeto Voador Não-Identificado, referência para naves alienígenas) pela mulher de Dave e o sonho/alucinação que Ed tem após o acidente de carro e quando vê um OVNI na prisão sugerem um caráter fantástico como contra ponto a essa pretensa “realidade de época” que os irmãos Coen filmaram.
Nas palavras de Billy Bob Thornton nos extras do DVD do filme: “Você imagina um filme noir, Big Sleep ou Double Indemnity, qualquer um desses filmes com aquele senso de humor, só que em vez de um detetive sou um barbeiro. É a história de um barbeiro que lenta, mas certamente é atraído a essa intrigante trama.”
Em suma, Ed é, ao mesmo tempo, culpado e inocente pelo que faz, pois é manipulado por uma vontade de querer mudar de vida, imerso numa crise emocional silenciosa. É através de seu grande relato reflexivo que se pode perceber ou teorizar porque ele nunca falou muito em vida e parece calmo e controlado quase todo o tempo. E todos os personagens, sejam masculinos ou femininos, apesar de abraçarem características de figuras comuns dos filmes noirs clássicos não podem ser facilmente definidos como tais.


Ps: Tive a petulância de postar esta análise desenvolvida para o trabalho final de Gêneros Cinematográficos sobre o filme noir motivado por uma necessidade pessoal: me sentir útil numa madrugada ociosa.

Ps, parte 2: A Semana do/de (?) Cinema realizada pelo curso de Cinema da UFSC está de parabéns. Foi bem interessante, em sua maioria. Valeu a pena, sem dúvida.

sábado, 24 de novembro de 2007

Semana de Cinema- José
Então pessoas, vamos falar da semana? Pois bem: Achei a semana de modo geral muito boa, melhor do que tinha imaginado, muito bem organizada, e, mesmo não sendo uma área de grande interesse pra mim (documentário), muitas coisas de algum modo ajudam na área que cada um preferir. è muito bom ter contato com o MERCADO, (medo), porque, de certa forma, ficamos meio que alheios com o que acontece realmente nele.
Faltei em várias coisas, é difícil estar em tudo, mas nas que participei gostei. Tirando a mesa do cinema catarinense. Não conhecia Zeca Pires, e quando falou do quão glorioso foi para ele estar junto dos artistas da Globo no tapete vermelho em Gramado....ai ai ai....
Tah...continuo depois....