domingo, 12 de agosto de 2007

A ação francesa


Vejamos...hoje é dia de bancar o homem viciado em testosterona e falar sobre um francês.
Ser francês é o oposto de ser homem? Bem, posso te responder aos poucos, com duas palavras: Luc Besson, diretor, produtor e roteirista de um bom número de filmes. Besson dirigiu e escreveu a ficção científica “O Quinto Elemento”, com Milla Jovovich (“Leello multipass!” – alguém lembra disso?), Bruce Willis, Gary Oldman, Chris Tucker, dentre outros atores. Roteirizou e produziu a série “Carga Explosiva” (1 e 2. Por enquanto são dois.), protagonizada por Jason Statham, e “13º Distrito”. O ponto abordado no texto é simples: questionar os filmes de ação, especificamente os que Besson está envolvido e mais especificamente ainda, irei me ater à série “Carga Explosiva”.
A série narra as peripécias do “transportador” (“mercenário” contratado para serviços de “entrega”) Frank Martin, soldado aposentado, que mora na França, em sua tranqüila residência mediterrânea (mote do primeiro filme). Os propósitos da série são pontuais: propor desafios que coloquem Martin numa espécie de corrida. Isso justifica o caos ensaiado que vemos na tela. Lutas, explosões, movimentos de câmera e montagem frenéticos, trilha sonora empolgante. São regras básicas que grande parte dos filmes de ação adota. E a reflexão da série é simples, mas eficaz. Existe certa constatação de que como já foi dito, tudo é ensaiado, e que isso faz parte do jogo, desmoralizando o que de fato é real na cabeça do espectador e fora dela. Cabe a ele decidir que ele compra o falso ou não.
Tomemos a França como um lugar idílico, tranqüilo. O justo estereótipo visto por uma ótica hollywoodiana, porém temos um francês, Besson, preocupado em injetar ação francesa/americana + artes marciais, quebrando assim um padrão. Que padrão? O padrão de que filmes de ação são gravados em Hollywood. Bem, nem tanto assim. A série de filmes de Jason Bourne, regravação das aventuras do agente sem memória, agora interpretado pela “metade-inteligente-da-dupla-Affleck/Damon” Matt Damon , que se passa na Europa. Além deste, tem-se os filmes do agente James Bond, esteticamente europeus. De fato, Hollywood mantem pra si uma grande parcela na produção de filmes de ação, mas a preocupação do texto não é esta. Poderia citar também o glamour que a Europa traz consigo, o charme do sotaque inglês, as cuspidas do povo alemão, os campos bem cuidados, as ovelhas brancas, as águas disfarçadamente límpidas e tudo mais, mas também não é o caso.
Jason Statham/Frank Martin, como o grande, forte e sagaz protagonista da série Carga Explosiva abraça seu papel de herói inverossímil, quase nos moldes de John McClane. Sim, os dois explodem coisas, os dois matam pessoas, os dois pulam. Os dois são sarcásticos e, acima de tudo, os dois são carecas. Qual a diferença entre os dois?
Jason Statham é inglês. Ele vive sob regras. Ele é metodicamente frio, atendendo ao pedido do estereotipo. Ele luta no óleo, luta com mangueiras, com varas, contra uma mulher andrógena, num avião, em carros e jet-ski, com tudo que estiver por perto. A pergunta a se fazer aqui é que tipo de reflexão a série propõe. Na verdade, que tipo de reflexão o gênero de ação pode propor, sem entrar no mérito da “bem feitura” ou do termo “B” para classificar tais películas e na questão do nível de pretensão dos realizadores.
De fato, os heróis passam por provas físicas e mentais, almejando um objetivo específico. É relevante ter-se cautela para não cair em armadilhas fáceis de julgamento pré-concebido, tais como afirmar que o mundo precisa de heróis e é por isso que eles existem no cinema. O interessante é avaliar os filmes de Besson e, consequentemente, os de ação como todos os outros, no sentido de “descobrir” entrelinhas nas imagens, se existe uma provocação/questionamento/apontamento ou se é tudo em prol da diversão (sim, este também é um julgamento pré-concebido).
As “regras” atuais dos filmes de ação parecem ser ditadas pela procura de inovação nas cenas de ação e na produção de roteiros que não sejam meras cópias. No fim das contas, o que sempre importará será a preocupação em soar original de algum modo e ser absurdamente inverossímil conta.
Bem, eu ainda acredito na validade da produção de filmes carregados por testosterona, no bom sentido da palavra e continuo com dúvidas sobre as "verdadeiras" propostas do gênero.

Fontes:

3 comentários:

José Araújo disse...

Também conheço pouca coisa dele(me resumo à Quinto Elemento e 13 Distrito e vejo neles sim, algum cuidado com a questão visual, o que diferencia sim de boa parte desse tipo de cinema, mas também não é a minha praia.

Stefano Bitelli disse...

Olá colegas de blog!
Particularmente acho os filmes de ação fora do eixo hollywoodiano (e isso inclui produção/direção não-estadunidenses também) mais desprendidos, mais despreocupados no que diz respeito a questões éticas-patrióticas-nacionalistas, e isso, a meu ver já é um grande ganho. Claro, há outras diferenças a pontuar, como a verba destinada a esses filmes fora do eixo ou a expectativa que é - ou não - criada em torno deles, que com certeza é inferior aos blockbusters hollywoodianos.
Aproveito para dizer que serei petulante e responderei a esse tópico, Sr. Barba.

Carol Gesser disse...

filmes da ação me dão nojo.
bleeerg
eu quero sangue!