terça-feira, 14 de agosto de 2007

A ação demoníaca

Dada a impiedosa injeção de testosterona deste blog, me senti impelida a escrever algo o mais mulherzinha possível, sobre um filme francês ou uma comédia romântica. Mas não. Na última semana eu me dei ao trabalho de ligar a televisão com o firme objetivo d’ela fazer-me dormir e, nas três seguidas vezes, no mesmo aclamado canal cult, deparei-me com o famigerado “Bebê de Rosemary”, filme que há tempos estava em meu imaginário como “filme de terror” e que eu constantemente confundia com “A mão que balança o berço”, por algum motivo bizarro.

Ainda assim, as duas primeiras tentativas de assisti-lo foram fracassadas, levando em conta que o objetivo inicial de forma alguma era assistir à um filme cuja storyline é “A jovem Rosemary provavelmente carrega o anticristo no ventre.”

Ainda assim, a presença marcante do ídolo, lindo e carismático, John Cassavetes me fazia lutar para não dormir, embora o sono acabasse ganhando. Na terceira tentativa eu tomei vergonha na cara e assisti a toda a saga da família Woodhouse e seus vizinhos caquéticos.

Rosemary e Guy são recém casados, que se mudaram para um prédio em NY onde, no passado, várias histórias de morte e canibalismo ocorreram. Logo fazem amizade com o casal de velhinhos do apartamento da frente, que torram o saco dos coitados.

O espectador sabe que tem algo de errado com aqueles velhos, eles realmente são assustadores. Mas o fato é que eles são meio que lideres de uma seita diabólica e Guy (ou Cassavetes in the dark side of the force, como eu prefiro chamar), um ambicioso aspirante a ator, vende o primogênito ainda nem concebido em troca de sucesso.

O Bebê de Rosemary é um dos claros exemplos de terror psicológico no cinema, ao melhor estilo “lobo-mau-atras-da-princesa-no-teatro” com uso controvertido da suspensão hitchconiana (se isso fosse um trabalho de final de semestre eu explicaria isso melhor. Por ora, deixa passar). Oh meu Deus como é agonizante descobrir cada pedaço dessa insana e macabra conspiração que acontece contra Rosemary. Toda a destruição de uma ordem moral derivada da criação católica que injeta culpas e dogmas numa juventude posteriormente esvaziada.

Enfim... todo esse falatório pra chamar atenção a um filme muito bem sucedido e não muito dogmático na ferida que toca, o Allmight , mas ainda sim categórico em sua afirmação, uma vez que Rosemary parece ceder ao "mal", no final, pelo filho. Se hoje eu ligar a tevê e estiver passando eu assisto novamente, com gosto e menos medo.

E viva a aleatoriedade.

2 comentários:

Unknown disse...

Carol reforçando a idéia de que a crítica pode ter muito gosto pessoal do crítico ao reafirmar sua paixão por Cassavetes, seja atrás das câmeras como enquadrado nelas. Espertinha.
De fato, o filme é excelente. Vi faz um bom tempo e preciso ver de novo.
E viva o amor da Carol pelo Cassavetes, ainda mais do lado negro da força! "RAISE, LORD VADER!" Hahahaha

Carol Gesser disse...

aviso: meu blog mudou de endereço! agora é http://reprodutibilidade.blogspot.com/