Acidente, de Cao Guimarães e Pablo Lobato, me propôs um jogo simples de raciocínio. E isso é extremamente estranho para um filme que, pelo que ouvi, é tipo um “documentário poético”. Independente da grande interrogação que esse termo possa provocar, comecei a tentar fazer relações com o nome das cidades mineiras, que no fim do filme formam um poema, com as imagens que são apresentadas delas. Algumas relações são imediatamente feitas, porém outras parecem requerer somente uma contemplação por parte do espectador, seja pela beleza das tomadas ou pela suposta subjetividade. Peguei-me dando risadas de baixo tom como uma criança em algumas cenas e sinceramente não sei se é porque elas remetem ao meu “passado” em Minas Gerais, como por exemplo, o característico som do canto do galo que canta nos ínicios das manhãs, ou por outro motivo.
Consistia num riso nostálgico, que revelava o nível de interação que tive com o filme. Poderia até dizer que seria um riso contemplativo, fruto da intensidade que algumas imagens me provocavam, seja pela sombra do crucifixo ao lado de um senhor estático em frente a câmera, seja pela leve piada com o nome da cidade Entre Folhas e a imagem de folhas funcionando como um brinquedo do vento.
Apesar de ter consciência dessas sensações, talvez eu tenha traído o “objetivo” do filme, já que ele parte de um pressuposto experimental que aparentemente tem pouco a ver com a razão. Portanto, meu simples jogo de associações e sensações podem ter sido um modo que criei para aproveitar o filme.
Nenhum comentário:
Postar um comentário